Alguns filósofos acreditam que somos como marionetes, sem qualquer liberdade. A diferença é que não temos liberdade porque somos determinados por uma série de causas, ao invés de sermos controlados por uma pessoa...
A filosofia, ao discutir o tema da liberdade e determinismo coloca essas duas questões fundamentais, de modo geral. Somos livres? Somos responsáveis por nossas ações? Ao longo da história do pensamento filosófico, a discussão tomou rumos diferentes. Na antiguidade até o início da idade moderna, a grande questão era se seria possível existir livre-arbítrio num mundo criado por um ser que tudo sabe. É a chamada teodiceia.
O problema do livre-arbítrio
No livro Crime e Castigo, do escritor russo Dostoiévski, ficamos conhecendo a história Raskólnikov, um estudante de direito que planeja e executa a morte de uma agiota e se vê atormentado pelo sentimento de culpa que o persegue e o impede de seguir a vida normalmente.
Diante dessa história, podemos colocar duas questões filosóficas de grande importância. Em primeiro lugar, Raskólnikov teve liberdade de escolha ao pensar e executar o assassinato? E em segundo lugar, ele deve ser responsabilizado pelo crime? Deve ser culpado e punido pelo que fez?
A filosofia, ao discutir o tema da liberdade e determinismo coloca essas duas questões fundamentais, de modo geral. Somos livres? Somos responsáveis por nossas ações? Ao longo da história do pensamento filosófico, a discussão tomou rumos diferentes. Na antiguidade até o início da idade moderna, a grande questão era se seria possível existir livre-arbítrio num mundo criado por um ser que tudo sabe. É a chamada teodiceia.
Já com o desenvolvimento da ciência moderna e a ideia de leis científicas, a grande questão passa a ser como pode ser o homem livre num universo governado por leis deterministas. Aparentemente, quanto mais o conhecimento científico avança, surgem dúvidas sobre se muitas ações que acreditamos ser o resultado de uma escolha consciente não são na verdade um comportamento não-voluntário.
A título de exemplo, podemos considerar dois casos. Em primeiro lugar, as pesquisas com gêmeos idênticos criados em ambientes diferentes revela semelhanças assustadoras. Essas pessoas têm tendência a terem as mesmas crenças políticas, religiosas e atitudes sociais, além de um nível semelhante de inteligência e traços de personalidade.
Em segundo lugar, os estudos recentes da neurociência. Um desses estudos mostra que nossas escolhas são feitas pelo inconsciente. Pesquisadores do Instituto Max Planck pediram em um experimento para que pessoas pressionassem um botão com a mão esquerda ou direita. Elas eram livre para escolher qualquer uma das opções, mas tinham que revelar o momento exato em que haviam tomado a decisão. Enquanto os participantes decidiam, os pesquisadores analisavam a atividade cerebral das pessoas. Com isso, foram capazes de prever com sete segundos de antecedência qual decisão seria tomada. Os pesquisadores conseguiam saber a escolha da pessoa antes da pessoa decidir.
A ciência, assim, desde o início da idade moderna vem colocando em dúvida a liberdade humana e sugerindo que nosso comportamento é determinado.
Teorias
Hoje a discussão na filosofia sobre o problema do livre-arbítrio pode ser resumida em um grupo de teorias fundamentais: determinismo, compatibilismo e libertismo.
Determinismo
Defende que o comportamento humano é determinado por uma série de causas, de modo que não somos capazes de escolher uma ação diferente daquela que de fato escolhemos. O determinismo também acredita que, por sermos determinados, não somos responsáveis moralmente por aquilo que fazemos.
Compatibilismo
O compatibilismo concorda com o determinismo quanto ao fato de nosso comportamento ser determinado por causas anteriores, mas procura conciliar isso com a liberdade e a responsabilidade moral. Desse modo, para um compatibilista nosso comportamento é determinado, mas mesmo assim somos livres e responsáveis.
Libertismo
De acordo com essa teoria, não é verdade que as ações humanas são determinadas. Portanto, somos livres para escolher e também responsáveis por aquilo que fazemos. Um dos representantes mais conhecidos dessa perspectiva é Sartre, segundo o qual estamos condenados a ser livres.
Significado de determinismo
No nosso universo, os eventos estão relacionados através de cadeias de causa e efeito deterministas.
Vamos ver um exemplo disso:
Se uma pessoa vai para a Lua, onde a atração gravitacional é mais fraca, ela irá flutuar como nos vídeos dos astronautas.
Ao contrário, se essa mesma pessoa, com a mesma roupa e massa, permanecer na Terra, ela ficará bem presa ao chão como todos nós.
A razão para isso é a existência de duas cadeias de causa e efeito diferentes. A interação entre o peso do astronauta e a gravidade da Lua gera o efeito flutuação.
Já a interação entre o mesmo astronauta com a gravidade da Terra faz com que permaneça preso ao chão.
Onde está o determinismo nesse exemplo?
Determinismo é a ideia de que todos os acontecimentos são determinados por causas.
Ou seja, combinando a massa do astronauta e a atração gravitacional da Terra, teremos necessariamente o efeito de queda. E sempre que essa combinação ocorrer, teremos esse mesmo efeito.
O determinismo está associado à ideia de constância, necessidade e previsibilidade. Não importa quantas vezes façamos o teste, o astronauta e qualquer objeto com massa semelhante irá ficar preso ao solo na Terra e flutuará na Lua.
Determinismo é o contrário de indeterminismo. Em um Universo indeterminista, as coisas se comportam de forma aleatórias e imprevisíveis.
Portanto, as mesmas causas podem resultar em efeitos diferentes, já que elas não determinam o que acontecerá em seguida.
Podemos imaginar uma Terra e Lua aleatórias, em que às vezes as pessoas flutuam ou são atraídas para o solo de forma imprevisível. Em que gatos saem de torneiras e chuveiros cospem fogo. Em um mundo assim tudo seria possível.
Considerando essas duas opções, nosso Universo se parece muito mais com a primeira opção do que com a segunda.
A questão é:
É possível existir livre-arbítrio em um Universo determinista? Essas duas coisas podem conviver juntas ou uma é incompatível com a outra?
Determinismo e livre-arbítrio
De acordo com uma perspectiva chamada de incompatibilismo, a resposta é não: determinismo e livre-arbítrio não são compatíveis.
Vamos entender porquê.
Quando falamos em livre-arbítrio falamos de futuro aberto.
Por exemplo, ao escolher fazer esse vídeo, eu poderia ter igualmente escolhido fazer uma viagem ou comer hambúrguer. Todas eram opções possíveis. Não era necessário que optasse pelo vídeo. Não havia nenhuma restrição externa que me impedisse de fazer essas coisas. Tudo dependia apenas de minha vontade. Portanto, poderia ter escolhido outra coisa.
Defensores do incompatibilismo concordam com isso, que podemos agir de acordo com nossa vontade. O que eles argumentam é que nossa vontade não é livre, de modo que nosso futuro não é aberto como parece.
Vamos fazer um experimento mental para entender seu argumento.
Imagine um universo no qual uma pessoa, vamos chamar ela de Antônio, nasce em 1998, em 2003 começa a estudar, em 2010 seus pais o levam ao teatro, em 2011 conhece a Júlia que faz teatro, em 2012 começa a gostar de teatro, em 2013 entra para o grupo de teatro da escola e em 2015 para a faculdade de teatro. Talvez por sua constituição genética, gosto pelo teatro ou nome, em 2016 se apaixona por Antônia, sua colega de curso, e faz uma viagem com ela no dia 15 de janeiro para um sítio com cachoeiras.
O que vemos é uma série de causas e efeitos que levaram a esse desejo em Antônio, no dia 15 de janeiro, visitar umas cachoeiras com Antônia. Não fossem algumas dessas causas, talvez eles nem tivessem se conhecido ou desejado ver cachoeiras.
A questão é: Antônio poderia ter escolhido fazer outra coisa? Ou, dada a sequência de causas que o trouxe até aqui, ele foi determinado a agir dessa forma?
Para responder essa pergunta, vamos imaginar um universo paralelo em que tudo ocorreu igual até 15 de janeiro de 2016. Antônio nasceu em 1998 e tudo o que ocorreu na sua vida, desde os mínimos desejos até acontecimentos importantes, foi exatamente igual.
O que será que ele fará nesse dia 15 de janeiro?
Se vivemos em um universo determinista, a mesma sequência de causas deve gerar o mesmo efeito. Do contrário, seria um universo aleatório. Só nos resta concluir, portanto, que Antônio fará a mesma coisa, visitará umas cachoeiras no dia 15 de janeiro.
A única forma de isso não acontecer é uma alteração na sequência causal. Vamos imaginar que em 2016 ocorreu uma pandemia. Aí talvez eles acabem vendo uma série na Netflix.
Sendo assim, não temos um futuro aberto, em que nós escolhemos o que iremos fazer avaliando várias alternativas possíveis.
Embora vivamos em uma sociedade na qual temos liberdade política para fazer o que desejarmos, não temos livre-arbítrio pois vivemos em um universo determinista onde nossos desejos são determinados por acontecimentos e desejos anteriores. Consequentemente, não escolhemos realmente nossas ações.
Essa é a perspectiva do incompatibilismo sobre a relação entre determinismo e livre-arbítrio. Na filosofia temos outras teorias sobre o tema.
Uma se chama compatibilismo, por defender que o livre-arbítrio é compatível com o determinismo.
E outra se chama libertismo, e argumenta que ações humanas são um tipo especial de evento que não é determinado por causas.
Mas esses são temas dos próximos artigos, sobre o compatibilismo e sobre o libertismo.
abra o link e faça as questões no caderno, leve para o professor ate a data previamente combinada.
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