A globalização desde o inicio (resumão)








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O conceito de globalização

O sociólogo inglês Anthony Giddens definiu a globalização
como “a intensificação de relações sociais mundiais que ligam localidades distantes de
modo que acontecimentos locais são influenciados por eventos ocorridos a muitas milhas
de distância, e vice-versa”1. Isto é, com a globalização, as coisas que ocorrem em um
lugar do mundo influenciam cada vez mais o que acontece em outras partes do mundo;
quanto mais intensa e abrangente for a globalização, mais integrado será o mundo, mais
contato teremos com pessoas, produtos e ideias vindos de outras partes do planeta.
Formas de globalização ocorreram em diferentes momentos da História. A
chegada dos europeus às Américas, que vimos na Unidade 1, transformou profundamente
o mundo todo. Não dá para contar a história do Brasil sem falar em
globalização: a expansão comercial trouxe para o continente americano os povos
europeus, que com suas doenças (e armas) mataram grande parte da população
indígena. A economia da colônia (e depois do império) foi em grande parte baseada
na exploração de trabalhadores trazidos à força do continente africano e estruturada
para servir ao mercado internacional.
Nas últimas décadas do século XX, a globalização acelerou esse processo, que
continua até hoje. O comércio mundial se desenvolveu imensamente, e regiões com
grandes populações (como a China e a Índia) passaram a participar de maneira intensa
dessa atividade. Muitos países reduziram os impostos sobre produtos importados,
inclusive o Brasil, o que inundou o cotidiano da população com produtos fabricados
em outros países, de alimentos a computadores.
Mas a globalização vai muito além disso: alguns produtos são feitos de tal forma
que fica difícil determinar sua “nacionalidade”: é perfeitamente possível que a roupa
que você está usando agora tenha sido desenhada nos Estados Unidos e produzida
na Ásia com matérias-primas da África.
1 GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Ed. da Unesp, 1991. p. 69.













reflita:

Pense em quantas coisas importantes na sua vida
vieram de lugares muito distantes. Por exemplo, é
provável que a maioria das pessoas que você conhece
(talvez você mesmo) tenha crenças religiosas
que se originaram no Oriente Médio (cristianismo,
judaísmo, islamismo), na Ásia (budismo) ou
que tenham forte influência africana (candomblé,
umbanda). Os produtos que você consome também
vêm de diversas partes do mundo: basta olhar,
na etiqueta ou no rótulo, onde foram fabricados e
procurar esses países no mapa. De alguma maneira,
você está estabelecendo uma relação com
quem fabricou esses produtos, pessoas com culturas
e valores que provavelmente são diferentes dos
seus. Você talvez seja muito mais “globalizado” do
que pensava…


É fácil perceber o lado positivo da globalização econômica: é bom poder
comprar produtos do mundo todo, pois não faria sentido que cada país produzisse
tudo o que consome. Mas a globalização econômica também tem consequências
perigosas: gera desigualdade entre países que participam diferentemente
do processo. Voltando ao exemplo da roupa que você veste, boa
parte do dinheiro que você pagou por ela foi para a empresa dos Estados Unidos,
que é quem controla o processo, encomendando a matéria-prima e contratando
os trabalhadores asiáticos (que ganham, em média, muito menos do
que os estadunidenses). Assim, a globalização pode levar ao aumento das desigualdades
entre países ricos e pobres. É indiscutível que nas últimas décadas
a economia de alguns países que eram muito pobres (como a China ou a Coreia
do Sul) cresceu a uma velocidade espantosa. Mas ainda não sabemos se
o mesmo ocorrerá com outros países pobres ou se eles serão deixados cada
vez mais para trás.
Além disso, como cada vez mais os países dependem uns dos outros para
comprar e para vender, uma crise localizada pode se espalhar e afetar dramaticamente
países muito distantes. Em 2008, por exemplo, uma crise profunda (a
maior em setenta anos) começou nos Estados Unidos, o país mais rico do mundo.
Como os Estados Unidos compram boa parte do que
se produz pelo mundo, praticamente todos os países
foram afetados, inclusive o Brasil. Mesmo crises em
países menos ricos, como o México ou a Rússia, ocorridas
nos anos 1990, afetaram a economia brasileira,
pois geraram incertezas sobre o futuro da economia
mundial. Por outro lado, a crise brasileira de 1998 gerou
efeitos negativos na vizinha Argentina, que é um
de nossos principais parceiros comerciais.
A globalização não é apenas econômica. Na esfera
cultural, artistas e estilos originados em um país influenciam
cada vez mais artistas e estilos de outros
países. Movimentos religiosos (alguns deles fundamentalistas)
conquistam adeptos em diferentes países.
O crime ganhou dimensões inéditas: o tráfico de
drogas é uma rede com ramificações no mundo todo.
O esporte tornou-se extremamente globalizado: na
equipe da Internazionale de Milão que conquistou a
Liga dos Campeões 2010, nenhum dos jogadores titulares
era italiano (vários, aliás, eram brasileiros). Também
no caso do futebol a desigualdade de riqueza
entre os países produz efeitos: afinal, há muito mais
jogadores brasileiros atuando na Itália do que jogadores
italianos no Brasil. E boa parte dos fenômenos culturais
globais é comercializada por empresas localizadas
em países ricos.



Nas últimas décadas, tornou-se clara à comunidade internacional outra
questão: os problemas globais, que não podem ser resolvidos por um só
país e afetam grande parte do mundo. O caso mais óbvio são as ameaças
ao meio ambiente. Se os automóveis dos Estados Unidos ou as fábricas
da China emitem gases poluidores na atmosfera, essa poluição não afeta
o clima apenas nos Estados Unidos e na China, mas no mundo todo.
Se o Brasil ou a Indonésia destroem suas florestas, o mundo inteiro sofre
o impacto dessa destruição.
Finalmente, há a presença cada vez mais ameaçadora de redes criminosas
internacionais, até mesmo com a expansão de antigas máfias
nacionais (como a italiana, a russa e a chinesa) para outros países. Com
isso, tornou-se evidente a necessidade de que os países cooperem entre
si em mais uma frente: o combate ao crime.
A crescente importância dos problemas globais coloca uma questão
importante: quem é responsável por resolvê-los? Não há um governo
do mundo, não há um Estado Global. Podemos contar que
cada país vai fazer sua parte para resolver os problemas globais? E
se cada país preferir deixar que os outros resolvam? Essas questões
estão entre os mais importantes desafios políticos modernos.





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